quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O valor de um idolo.

Quem nunca teve um idolo? Alguém que você admira ou se inspire e que você acredite ser "perfeita", que vive feliz com tudo e não tem problemas como os seus, ou se tem, acaba com eles e os encara mais rapidamente? E como seria se você tivesse a opotunidade de ter esse seu mesmo idolo como seu "anjo-da-guarda" ou voz da consciencia por alguns dias?




Essa é a premissa de "À procura de Eric", filme dirigido por Ken Loach e com roteiro de Paul Liverty. A história gira em torno de Eric, um melancólico carteiro que vive com seus dois enteados do 2º casamento, e sofre de crises de panico e das eventuais consequencias das mesmas, especialmene a primeira retratada no filme, onde ele abandona sua esposa e filha recém-nascida após sofrer duras criticas de seu pai. Insatisfeito com sua vida e assistindo-a desmoronar novamente, Eric tem como principal fuga da realidade as partidas de futebol de seu clube do coração, o Manchester United da Inglaterra, e a imagem de seu idolo maior, o ex-jogador francês Eric Cantona, que teve uma brilhante (porém "desequilibrada") passagem pelo clube inglês na década de 90.

Para quem não conhece o jogador: nascido na cidade de Marselha em 1966, iniciou a carreira como jogador profissional no Auxerre. Teve passagens por outros clubes franceses como Olimpique de Marselha, Bordeaux e Nilmès, antes de se transferir para o Leeds United da Inglaterra. Um ano depois, se transferiu para o Manchester United, onde se consolidou como um dos principais idolos da história do clube, dito como um dos principais responsaveis pela estabilização do clube como um dos maiores do mundo. Mas sua passagem pelos Red Devils foi tão brilhante quanto complicada. Em 1996, participou de um dos lances mais insanos da história do futebol, onde ele deu uma voadora em um torcedor adversario (link com video do lance épico http://www.youtube.com/watch?v=u-WmfTIRUWY ), fato que lhe rendeu uma suspensão de um ano sem poder jogar futebol. Nesse mesmo dia, proferiu um ditado célebre: "Quando as gaivotas seguem o barco dos pescadores, é porque pensam que sardinhas serão atiradas ao mar". E hoje ele é um dos principais "garotos propraganda" da NIKE, aparecendo em diversos comerceiais da fornecedora esportiva.

Voltando ao filme: foi uma das mais gratas surpresas da Mostra de Cinema de SP. Com uma história simples e envolvente, com muitas cenas de comédia, mescladas com drama e conflitos morais, acompanhamos a vida de Eric, que após roubar (e obviamente fumar) um pouco de maconha de seus enteados, passa a receber a visita do "fantasma" de Cantona (interpretado pelo próprio francês), que se torna motivador, amigo, e consciencia do carteiro, explorando bem todos seus dilemas e frustrações para com a vida, ajudando-o a encarar todos os seus problemas de frente e demonstrando toda a importancia de se ter amigos. Também vale mencionar os assuntos debatidos no filme relacionados aos bastidores do futebol, onde os clubes por todo mundo passam a ser cada vez mais elitistas, deixando de se importar com trabalhadores comuns.

Um filme para quem gosta de futebol, e para quem não gosta também. A história consegue divertir a todos os publicos e ainda dar aquele "injeção de animo" em quem se sente desmotivado com a vida. Muito recomendado!

domingo, 18 de outubro de 2009

Até que ponto podemos julgar e/ou interferir em outras culturas?



Essa semana assisti um video, parte de um documentario, onde mostravam rituais de um tribo indigena onde crianças fisicamente debilitadas ou doentes, eram enterradas vivas. As cenas são fortes e chocantes, portanto só assistam se tiverem certeza.


Então, eu, assim como muitas outras pessoas, concordo que isso é indignante. É algo que fere e de maneira gritante todos os nossos padrões morais e culturais. Porém, ai entra o pequeno detalhe: isso atrapalha os NOSSOS padrões culturais. Para alguns deles, isso ainda é algo "obrigatorio", "sagrado", e por ai vai. E como podemos julga-los por algo que provavelmente já fazem à séculos?

A parte boa (para nossos olhos) é que já existe dentro da dita aldeias, membros que não concordam com isso (vide o final do video com depoimentos dos indios). Ou seja: ainda há esperanças.

Mas mesmo assim, temos o direito de interferir, tentar mudar isso por eles? De impor nossa cultura, fazendo com que mudem suas raízes? Basta alguma FUNAI mecher um ou dois pauzinhos e assim introduzi-los ao Séc. XXI, sacrificando todos os demais aspectos de sua história (que com certeza não se resume a isso, essa é só mais uma ramificação de seu universo particular)? Sendo assim, não estariamos fazendo algo semelhante ao que eles fazem entre si?

Outro exemplo comum é o dos xiitas, que mantém a "tradição" do apedrejamento de mulheres, e não há ONU ou qualquer organização possa acabar com esse hábito. O mesmo vale para indianos, que castigam crianças deixando que carros passem por cima de seus braços. E históricamente ainda podemos lembrar de casos como os tão "idolatrados" Maias, que arrancavam o coração de crianças e adultos em oferendas aos Deuses, e a igreja católica que por um longo periodo queimava qualquer um que fosse capaz de ler e não fosse de sua "ordem" (dividida entre burguses e frades).

Certas coisas são complexas demais para deixar um julgamento padrão interferir. E um fato curioso: quem sabe eles (indios) não pensam tudo isso também, mas sobre nós?